Opinión

Poder, ideología e língua

As línguas som realidades poliédricas que estám em constante dependência de muitos factos e circunstâncias políticas, históricas e culturais. Na Galiza na atualidade ainda nom existem dados científicos sobre o uso do galego, tampouco temos constância de um mapa sócio-lingüístico da situaçom, só dispomos de dados aproximativos para certos âmbitos, elaborados por instituiçons ou entidades presididas por umha determinada ideologia e preconceitos, encaminhados a conseguir a assimilaçom desta língua histórica, muito ilustre entre as românicas, pola língua do poder, sob o discurso hipócrita e falsário de documentos legais que falam de “normalizar o galego”.

O conflito que recebeu e recebe a maior atençom ou o mesmo interesse das autoridades políticas, académicas e culturais oficialistas é precisamente o relativo à formalizaçom gráfica do estándar e o modelo de umha língua para o século XXI (do ponto de vista gramatical e lexical) que se deve promover para “limpar, fixar e dar esplendor” a esta língua histórica extensa e útil no presente e no futuro. Fazemos nossos os pareceres de outros estudiosos que censuram a prática tam nociva de recomendar formas que nom som recomendáveis, manifestamos a nossa censura para esses codificadores oficialistas que nom emendam as suas propostas, e que consideram o galego um brinquedo.

Os sucessivos governos da Galiza rejeitárom visceralmente a possibilidade de complementar as crescentes inter-ligaçons económico-financeiras entre a Galiza e a regiom Norte de Portugal com a correspondente vertebraçom de um espaço lingüístico-cultural. O povo galego, alienado foi e é cada vez menos formado ou informado (a gente nom gosta de ler nem de conhecer o que pode existir mais alá das mensagens da fortíssima propaganda institucional e política, para conseguir que o analfabetismo progrida adequadamente), desmobilizado, em geral, contempla o alheio como próprio e perspetiva o próprio como se fosse alheio, nom reconhecendo-se também na comunidade lingüística do português. Esta debilidade estrutural e a precariedade da sua integraçom simbólica como comunidade diferenciada torna utópica qualquer via ‘endonormalizadora’ micro-regionalista.

A todas estas circunstâncias há que acrescentar que o Poder cria neolínguas, inventa neologismos sem que as pessoas saibamos o seu significado num clima em que predominam as promessas incumpridas, a mentira, o engano, a falácia, o uso dos fundos públicos para atividades ou projetos culturais carentes do menor interesse, ou a falta de respeito pola dignidade humana e direitos fundamentais. Além do mais, na Galiza temos muitas dificuldades para constituir em coordenaçom com as suas covariedades lusitano e brasileiro umha língua de cultura capacitada para viver.

*Professora Catedrática de Universidade

Suscríbete para seguir leyendo